CÓDIGO DE PROCESSO DE TRAMITAÇÃO DOS REQUERIMENTOS DE MEDIAÇÃO DA ARBITRALIS

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 

Art. 1º Todo e qualquer dado pessoal ou dado pessoal sensível de pessoas naturais coletados através da plataforma da Arbitralis respeitará, obrigatoriamente, o regramento previsto na Lei Geral de  Proteção de Dados Pessoais (LGPD, Lei nº 13.709/2018) e se pautará pelos seguintes princípios e fundamentos: 

I - o respeito à privacidade; 

II - a autodeterminação informativa; 

III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e  

de opinião; 

IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; 

V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; 

VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e 

VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da  

personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas  

naturais. 

Art. 2º Salvo nas exceções previstas neste Código, nas outras normas internas da Arbitralis e para exercício de direito em processo arbitral, nenhum dado pessoal, sensível ou não, poderá ser tratado ou utilizado, para qualquer fim, sem o consentimento da pessoa natural titular, por qualquer pessoa, natural ou jurídica, que eventualmente possa ter acesso a estes através da plataforma da Arbitralis.

Art. 3º Este Código estabelece as normas de mediação aplicáveis à solução de conflitos no ambiente da Arbitralis. 

§ 1º A Arbitralis não pratica qualquer ato jurisdicional, cuja competência é exclusiva dos mediadores nomeados nos termos deste Código. 

§ 2º Aplica-se o presente Código sempre que a convenção de mediação estipular a solução do conflito pela Arbitralis, a adoção das regras de mediação da Arbitralis ou no caso dos envolvidos, independentemente da estipulação de convenção de mediação, solicitarem a solução do conflito através da plataforma da Arbitralis. 

§ 3º Quaisquer pessoas físicas, jurídicas, fundos ou universalidades de direitos poderão adotar o presente Código para a solução de seus conflitos. 

§ 4º No caso de não haver convenção de mediação prévia ao requerimento e havendo interesse das partes em solucionar o litígio por mediação administrada por esta Câmara, será firmado Compromisso de Mediação, a ser assinado eletronicamente na própria plataforma, nos moldes dos artigos 21 e seguintes da Lei nº 13.140/2015. 

§ 5º Todas as mediações tramitarão na plataforma da Arbitralis, sendo este o local dos processos de mediação. 

Art. 4º Neste Código, as seguintes palavras e expressões possuem o significado abaixo indicado: 

I – Arbitralis: Arbitralis – Câmara de Arbitragem, Conciliação e Mediação; 

II – Plataforma: Sistema de processo eletrônico da Arbitralis no qual tramitará, necessariamente, todo o procedimento de mediação. 

III – Parte Requerente e Parte Requerida: Os termos “parte requerente” e “parte requerida” aplicam-se indiferentemente a um ou mais requerentes ou requeridos. 

IV – Requerimento: O termo “requerimento” aplica-se, a depender do contexto, ao processo de mediação segundo as regras da Arbitralis ou a solicitação inicial para instauração do referido processo. 

V – Código: O presente documento. 

VI – QPM: Quadro Permanente de Mediadores da Arbitralis.

VII – LGPD - Lei nº 13.709/2018, Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. 

VIII – Mediador: Mediador e Mediadora nomeada, independente de integrar o QPM. 

Art. 5º Os processos de mediação submetidos à Arbitralis deverão observar o Código de Conduta da Arbitralis, os Termos Gerais de Uso da Plataforma Arbitralis, o presente Código, a Tabela de Custas e Honorários da Arbitralis, bem como as demais normas aplicáveis. 

Parágrafo Único. Os atos normativos da Arbitralis referidos no caput serão aplicáveis às mediações conforme versão em vigor na data da assinatura do Termo de Mediação. 

Art. 6º A mediação é regida pelos seguintes princípios: 

I - Imparcialidade do mediador; 

II - Isonomia entre as partes; 

III - Oralidade; 

IV - Informalidade; 

V - Autonomia da vontade das partes; 

VI - Busca do consenso; 

VII - Confidencialidade; 

VIII - Boa-fé. 

CAPÍTULO II 

DA ORGANIZAÇÃO DA CÂMARA PARA A MEDIAÇÃO 

Art. 7º Compete à Presidência da Arbitralis resolver as questões concernentes à arguição de suspeição ou impedimento de Mediador. 

Parágrafo Único. Compete ao Mediador nomeado, após a assinatura do Termo de Imparcialidade e Independência, resolver as questões relativas à validade e à eficácia de cláusula de mediação, quando alegado.

Art. 8º A Presidência da Arbitralis será composta por 3 (três) membros, sendo um Presidente, um Primeiro Vice-Presidente e um Segundo Vice-Presidente. 

§ 1º Os membros da Presidência serão designados conforme previsão no Contrato Social da Arbitralis. 

§ 2º As decisões da Presidência poderão ser tomadas em conjunto ou isoladamente por quaisquer de seus membros. 

§ 3º Os membros da Presidência terão mandato por tempo indeterminado, podendo ser destituídos a qualquer tempo, nos moldes do Contrato Social da Arbitralis. 

Art. 9º A Presidência será provocada pela Arbitralis, através do sistema do Requerimento. 

§ 1º Poderá a Presidência, antes de tomar sua decisão, solicitar manifestação da Arbitralis, do Mediador nomeado, da parte requerente ou da parte requerida, visando a obtenção de algum esclarecimento que se faça necessário. 

§ 2º A Presidência decidirá sobre as questões que lhe forem propostas em até 5 (cinco) dias úteis, contados da data do recebimento do requerimento, prorrogável conforme a complexidade do caso. 

Art. 10 O Quadro Permanente de Mediadores da Arbitralis – QPM é composto por mediadores de reconhecida competência, os quais são escolhidos entre pessoas de notório saber, reconhecida capacidade, ilibada reputação e após aprovação nas etapas das provas e testes de aptidão aplicados pela Arbitralis, conforme o caso. 

§ 1º Após a aprovação e ao aceitar a designação para compor o QPM, o Mediador será credenciado pela Arbitralis para o exercício da mediação, não podendo manter eventual cadastro de advogado na plataforma e deverá, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, renunciar ao mandato outorgado por eventuais clientes em requerimentos que já estejam em tramitação. 

§ 2º Os Mediadores indicados pelas partes e devidamente aprovados para decidirem determinado requerimento não irão integrar o QPM, obtendo acesso apenas ao requerimento em pauta e devendo se sujeitar às mesmas limitações impostas no parágrafo anterior.

§ 3º Qualquer mediador poderá requerer seu descadastramento do QPM sendo que, após a efetiva retirada de seu nome do QPM e baixa no sistema da Arbitralis, só poderá realizar ou retomar seu cadastro de advogado na plataforma da Arbitralis após decorridos 2 (dois) anos do referido descadastramento, salvo decisão diversa da Presidência da Arbitralis. 

§ 4º A despeito da limitação imposta no § 1º, os Mediadores que atuarem na Arbitralis não estão impedidos de advogar em outras Câmaras ou mesmo no Poder Judiciário, desde que tal atuação se dê sem a interferência de sua condição de Mediador, sob pena de cassação de seu registro na Arbitralis. 

CAPÍTULO III 

DA SOLICITAÇÃO DE MEDIAÇÃO 

Art. 11 O interessado em iniciar um procedimento de mediação deverá protocolar seu Requerimento, via formulário e, se for o caso, através de seu advogado responsável, na plataforma da Arbitralis mediante assinatura digital deste. 

Art. 12 O Requerimento deverá conter: 

I – Nome, e-mail e telefone de contato, endereço e qualificação completa das partes; 

II – Instrumento de procuração com poderes específicos para atuar em processos de mediação e para celebrar acordo; 

III – Cópia do contrato social e documento que confere os poderes de representação da pessoa jurídica; 

IV – Cópia do documento que contenha a convenção de mediação; 

V – Apresentação sumária dos fatos que originaram o conflito, nos limites do formulário disponibilizado na plataforma da Arbitralis;  

VI – Descrição das pretensões; 

VII – Valor real ou estimado do conflito; 

VIII – Indicação da Arbitralis, idioma, leis ou normas jurídicas aplicáveis ao caso concreto;

XIX - Documentos e demais provas que comprovem as alegações da parte requerente.

Art. 13 Quando houver um Requerimento de Mediação referente a procedimento instaurado entre as mesmas partes ou, ainda, quando for comum, entre as demandas, o objeto ou a causa de pedir, o Mediador nomeado no primeiro requerimento, em ordem cronológica, decidirá acerca de eventual conexão entre as lides ou de consolidação dos procedimentos, permanecendo suspensos os demais procedimentos até a referida decisão. 

§ 1º Se, na hipótese do caput, não houver Mediador constituído, a Arbitralis dará prosseguimento ao primeiro Requerimento de Mediação protocolado, em ordem cronológica, e sobrestará os demais até a formação do Mediador do primeiro procedimento, que então decidirá a respeito de eventual conexão das demandas ou de consolidação de procedimentos. 

§ 2º Na hipótese de consolidação dos Requerimentos o Mediador deverá assinar novo Termo de Imparcialidade e Independência. 

Art. 14 A Arbitralis, no prazo máximo de 05 (cinco) dias úteis contados do recebimento da solicitação, enviará à parte requerida, via e-mail ou e-mail e mensagem eletrônica, conforme endereço eletrônico e contatos informados pelo requerente, além do link para acesso ao requerimento, a notificação para, no prazo de 10 (dez) dias, se manifestar sobre a solicitação da mediação. 

§ 1º A resposta da parte requerida deverá ser protocolada via formulário próprio disponível no link enviado pela Arbitralis. 

§ 2º A parte requerida manifestar-se-á pela aceitação ou não da mediação solicitada, no caso de ausência de convenção de mediação. 

§ 3º Havendo convenção de mediação indicando expressamente a Arbitralis como responsável pela solução do conflito, conforme previsão do Artigo 2º, §1º, Lei nº 13.140/2015, se uma das partes se recusar ou se abstiver de participar da mediação, será dado prosseguimento ao andamento do requerimento, devendo a parte ausente ser comunicada, via e-mail, de todos os atos praticados, às expensas da parte requerente, podendo intervir no procedimento em qualquer momento, porém recebendo o processo no estado em que se encontra.

§ 4º Caso a parte requerida não se manifeste no prazo determinado neste artigo e inexistindo convenção de mediação, será emitida uma certidão simples à parte requerente, informando a ausência de resposta ou discordância com o processo de Mediação. Caso deseje uma certidão de inteiro teor, deverá a parte requerente fazer o devido recolhimento das custas de expedição de Certidão, conforme Tabela de Custas e Honorários da Arbitralis. 

Art. 15 O requerimento será utilizado em todo o procedimento de mediação, não podendo ser aditado ou emendado pela parte requerente após o envio da comunicação à parte requerida. 

§ 1º O registro de qualquer ato no requerimento por advogados deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da legislação brasileira vigente. 

§ 2º Os advogados representantes das partes deverão possuir, obrigatoriamente, certificado digital válido para a utilização e peticionamento no processamento do requerimento, nos termos do parágrafo anterior. 

§ 3º Todas as peças processuais e os documentos apresentados pelas partes, após a assinatura do Termo de Mediação, devem ser protocoladas necessariamente por meio do sistema da Arbitralis.

§ 4º O representante da parte que realizar a juntada das petições e dos documentos no requerimento será responsável pessoalmente pela autenticidade daqueles. 

CAPÍTULO IV 

DOS PRAZOS E DAS COMUNICAÇÕES
 

Art. 16 Todas as comunicações de atos procedimentais posteriores à citação inicial serão feitas, por intermédio do sistema da Arbitralis, na pessoa dos representantes de cada uma das partes no procedimento de mediação.

Art. 17 Considerar-se-á realizada a comunicação dois dias úteis após a disponibilização do ato procedimental nos andamentos do requerimento, caso a parte não manifeste sua ciência em prazo anterior. 

§ 1º Na hipótese do disposto no caput deste artigo, nos casos em que a disponibilização do ato procedimental se der em dia não útil, a disponibilização será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte. 

§ 2º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica, cientificando a existência de comunicação no requerimento, nos termos deste artigo. 

§ 3º As correspondências eletrônicas referidas no § 2º, em virtude do caráter meramente informativo, não eximem os representantes das partes da responsabilidade de acessarem o requerimento para visualizarem a existência ou não de novos atos procedimentais e de comunicações em seus procedimentos. 

§ 4º Nos casos urgentes em que a comunicação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao sistema, o ato procedimental deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado motivadamente pelo Mediador. 

Art. 18 A comunicação determinará o prazo para cumprimento  da providência solicitada pelo Mediador. 

§ 1º Na ausência de prazo estipulado por este Código ou fixado pelo Mediador, será de 5 (cinco) dias úteis o prazo para a prática de ato procedimental a cargo da parte. 

§ 2º Os prazos previstos neste Código poderão ser alterados quando da elaboração do Termo de Mediação, motivadamente, a critério do Mediador ou atendendo a pedido comum das partes. 

Art. 19 Todos os prazos relativos ao procedimento de mediação serão contados em dias úteis, excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento, sendo todos os prazos contados de forma comum a todos os envolvidos caso exista mais de uma parte em qualquer dos polos do procedimento, independentemente de existirem procuradores diversos. 

§ 1º São considerados dias úteis aqueles em que houver expediente na Arbitralis, conforme calendário disponível no sistema da Arbitralis.

§ 2º Entre os dias 23 de dezembro a 02 de janeiro haverá o recesso de fim de ano da Arbitralis, período em que não haverá expediente e cujos dias não serão considerados dias úteis. 

§ 3º Durante o recesso de fim de ano na Arbitralis poderão ser apreciadas medidas de caráter de urgência. 

§ 4º Os dias do começo e do vencimento dos prazos serão adiados para o primeiro dia útil seguinte se coincidirem com dia em que houver indisponibilidade de acesso ao requerimento. 

§ 5º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da realização da comunicação. 

CAPÍTULO V 

DA INSTITUIÇÃO DA MEDIAÇÃO 

Art. 20 Os litígios serão resolvidos por Mediador único, eleito pelas partes ou integrante do QPM. 

Parágrafo Único. Conforme autorização do Artigo 17 da Lei nº 13.140/15, considera-se instituída a mediação no momento do protocolo do requerimento e respectivo agendamento da primeira reunião de mediação, independente da nomeação do Mediador. 

Art. 21 Salvo consenso entre as partes, o Mediador será obrigatoriamente eleito e nomeado através de sorteio pelo sistema da Arbitralis dentre os mediadores devidamente aprovados e cadastrados no QPM. 

§ 1º Todos os mediadores, ainda que sejam indicados e eleitos pelas partes, deverão, obrigatoriamente e antes de iniciar sua atuação no caso concreto, assinar e juntar aos autos do requerimento o Termo de Imparcialidade e Independência declarando, expressamente e sob as penas da lei, que: 

I – Não oculta quaisquer fatos que denotem dúvidas quanto à sua imparcialidade e independência; 

II – Não é amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

III – Não recebeu ou irá receber presentes ou favores de pessoas que possuem interesse na causa, antes ou depois de iniciado o processo; 

IV – Não aconselhou nenhuma das partes acerca do objeto da causa; 

V – Não subministrou meios para atender às despesas do litígio; 

VI – Nenhuma das partes é sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; 

VII – Não possui interesse no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 

VIII – Não está postulando no processo, como parte ou advogado, seu cônjuge, companheiro ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 

IX – Não é sócio ou membro da direção ou da administração de pessoa jurídica parte no processo; 

X – Não é herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; 

XI – Nenhuma das partes é cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; 

§ 2º Após a assinatura do Termo de Imparcialidade e Independência e a devida constituição do Mediador, quaisquer das partes poderá alegar, no prazo máximo de 2 (dois) dias úteis, sob pena de preclusão e concordância com a nomeação, em petição direcionada à Presidência da Arbitralis em conjunto com a devida comprovação, a suspeição ou impedimento de um ou mais mediadores, ficando ciente de que tal alegação poderá implicar na responsabilização penal da parte e, se for o caso, de seu advogado, por crime de calúnia (Artigo 139 do Código Penal), ou responsabilização penal do mediador por crime de falsidade ideológica (Artigo 299 do Código Penal) sem prejuízo de outros eventuais crimes. 

§ 3º O mediador sorteado pelo sistema da Arbitralis poderá, por motivo de foro íntimo e sem qualquer justificativa, recusar o encargo de decidir o requerimento, oportunidade em que o sistema da Arbitralis irá proceder, automaticamente, novo sorteio.

Art. 22 Quando as partes tiverem convencionado que irão indicar o nome do Mediador, deverão obrigatoriamente informar à Presidência da Arbitralis, salvo renúncia de ambas as partes a este direito. 

Parágrafo Único – Se alguma das partes deixar de fazer a indicação, o Mediador será sorteado pelo sistema eletrônico da Arbitralis. 

Art. 23 Sendo mais de uma parte requerente ou requerida, os requerentes, conjuntamente com as requeridas, designarão o Mediador. Caso não cheguem a um consenso, a Presidência da Arbitralis poderá, ouvidas as partes, nomear o respectivo Mediador. 

Art. 24 Caso as indicações recaiam sobre profissionais que não integrem o corpo de Mediadores da Arbitralis e que não estejam devidamente cadastrados no QPM, estas deverão ser acompanhadas dos respectivos currículos para apreciação da Presidência da Arbitralis, sendo que o requerimento ficará suspenso até a deliberação desta. 

Parágrafo único. Na hipótese do caput, deverá o profissional celebrar o contrato de parceria com a Arbitralis, assinar o Termo de Imparcialidade e Independência , realizar seu cadastro no sistema e observar todo o regramento da Arbitralis. 

Art. 25 Antes de nomeado o mediador, a Presidência da Arbitralis examinará objeções sobre a existência, validade ou eficácia da convenção de mediação que possam ser resolvidas de pronto, independentemente de produção de provas. Em qualquer caso, o Mediador, após constituído, decidirá sobre sua jurisdição, confirmando ou   modificando a decisão anteriormente tomada. 

Art. 26 Em caso de manifestação pelas partes de objeção relacionada à independência, impedimento, imparcialidade, suspeição ou qualquer matéria relevante referente ao Mediador, será concedido prazo de 5 (cinco) dias úteis para manifestação do Mediador envolvido. Caso o Mediador não reconheça a objeção, o processo será encaminhado para a Presidência da Arbitralis.

Art. 27 Nos casos de acolhimento da impugnação ou renúncia do Mediador indicado, a Arbitralis realizará, através de seu sistema, o sorteio de novo Mediador. 

Art. 28 Não pode ser nomeado Mediador, ainda que por indicação das partes, aquele que: 

I – for parte do litígio; 

II – tenha participado na solução do litígio, como mandatário judicial de uma das partes, prestado depoimento como testemunha, funcionado como perito, ou apresentado parecer; 

III – for cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, de uma das partes; 

IV – for cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até terceiro grau, do advogado ou procurador de uma das partes; 

V – participar de órgão de direção ou administração de pessoa jurídica parte no litígio ou de que seja acionista ou sócio; 

VI – for amigo íntimo ou inimigo de uma das partes; 

VII – for credor ou devedor de uma das partes ou de seu cônjuge, ou ainda de seus parentes, em linha reta ou colateral, até terceiro grau; 

VIII – for herdeiro presuntivo, donatário, empregador, empregado de uma das partes ou prestador de serviço; 

IX – receber vantagens antes ou depois de iniciado o litígio, aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou fornecer recursos para atender às despesas do processo; 

X – for interessado, direta ou indiretamente, no julgamento da causa, em favor de uma das partes; 

XI – tenha interesse econômico relacionado com qualquer das partes ou seus advogados. 

Art. 29 Compete ao Mediador declarar, a qualquer momento, seu eventual impedimento e recusar sua nomeação, ou apresentar renúncia.

Art. 30 As partes poderão impugnar os Mediadores por falta de independência, de imparcialidade, ou por outro motivo justificado, no prazo de 2 (dois) dias úteis do conhecimento do fato, sendo a impugnação julgada nos moldes deste Código. 

Art. 31 Se, no curso do procedimento sobrevier alguma das causas de impedimento ou suspeição, ocorrer morte ou incapacidade de qualquer dos Mediadores, será ele substituído por outro, observado o disposto neste Código. 

Parágrafo único. Caso haja qualquer substituição de mediador, os atos processuais já realizados poderão ser aproveitados. 

Art. 32 Se, no curso do procedimento sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será eventual prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da comunicação. 

Parágrafo único. Deverá a parte proceder a substituição de seu advogado responsável no prazo de 5 (cinco) dias úteis, sob pena de prosseguimento do processo. 

CAPÍTULO VI 

DO PROCEDIMENTO DE MEDIAÇÃO 

Seção I 

Disposições Comuns 

Art. 33 As partes que se submeterem à mediação nos termos deste Regulamento deverão: 

I – observar este regulamento e proceder com lealdade e boa-fé em todos os atos do processo; 

II – expor os fatos conforme a verdade; 

III – evitar formular pretensões ou alegar defesa com a ciência de que são destituídas de fundamento; e 

IV – evitar produzir provas ou praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito.

Art. 34 As partes não poderão, durante o processo de mediação, utilizar em seu favor qualquer acontecimento registrado durante o  

procedimento, em especial: 

I – declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra na busca de entendimento para o conflito; 

II – reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do procedimento de conciliação; 

III – manifestação de aceitação de proposta de acordo;  

IV – documento preparado unicamente para os fins do procedimento de conciliação. 

Parágrafo Único – Nenhum fato ou circunstância revelado ou ocorrido durante a fase de mediação prejudicará o direito de qualquer das partes, em eventual procedimento arbitral ou judicial que seguir, na hipótese de frustrar-se o acordo. 

Art. 35 Após a nomeação do Mediador, será elaborada a minuta do Termo de Mediação, que deverá conter: 

I – nome, qualificação completa, endereço e e-mail das partes e de seus advogados; 

II – nome e e-mail do Mediador; 

III – a matéria que será objeto da mediação; 

IV – o valor do litígio declarado pelas partes; 

V – local onde será desenvolvida a mediação; 

VI – a determinação da forma de pagamento dos honorários do Mediador e da taxa de administração, bem como a responsabilidade pelo pagamento das despesas; 

VII – critérios para fixação de honorários sucumbenciais; 

§ 1º Qualquer alteração das disposições deste Código acordada pelas partes só terá aplicação ao caso específico e mediante concordância do Mediador e da Presidência da Arbitralis. 

§ 2º Os efeitos da instituição da mediação retroagirão à data do protocolo do requerimento.

Art. 36 O procedimento de mediação é rigorosamente sigiloso, sendo vedado aos membros da Arbitralis, ao mediador e às próprias partes divulgar quaisquer informações relacionadas a processo a que tenham acesso em decorrência de ofício ou de participação. 

Art. 37 As partes poderão se fazer representar por advogados munidos de poderes necessários para agir em nome do representado em todos os atos relativos ao procedimento de mediação. 

Art. 38 Para apresentação de quaisquer outras manifestações nos autos do requerimento serão observados os prazos fixados neste Código e, na falta de estipulação, o prazo será de 15 (quinze) dias úteis. 

Art. 39 A ausência de parte regularmente comunicada não impede a realização da audiência. 

Art. 40 Eventual nulidade de ato realizado no procedimento de mediação deverá ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte se manifestar, comprovando-se o prejuízo. 

Art. 41 As custas e honorários deverão obrigatoriamente ser previamente recolhidos pela parte requerente antes de enviada a comunicação à parte requerida, sob pena de arquivamento do requerimento formulado, salvo estipulação em contrário em eventual convenção de mediação. 

§ 1º Recolhidas as custas e honorários, poderá a parte requerente informar as condições de um acordo prévio, delineando sua proposta, sendo posteriormente enviada a comunicação à parte requerida com a referida informação. 

§ 2º Recebida a comunicação, poderá a parte requerida informar, no prazo previsto neste Código, se aceita a proposta da parte requerente, se recusa a proposta, mas está disposta à negociação ou se não tem interesse na celebração de acordo. 

§ 3º Aceita a proposta da parte requerente pela parte requerida, os autos do requerimento serão enviados para homologação pelo mediador sendo que, na ausência de previsão sobre a distribuição das custas e honorários no acordo, estas serão arcadas integralmente pela parte requerente. 

§ 4º Caso a parte requerida não aceite a proposta da parte requerente, porém esteja disposta a negociar o acordo, será designada, pelo sistema da Arbitralis, audiência de mediação entre os advogados, as partes envolvidas e o mediador no prazo de 5 (cinco) a 20 (vinte) dias úteis.  

§ 5º Realizada a audiência e havendo consenso entre as partes, será redigido o respectivo Termo de Audiência e Acordo. 

§ 6º Realizada a audiência e não havendo consenso entre as partes ou na hipótese de alguma das partes não comparecer na audiência, o processo será arquivado, salvo na existência de estipulação de convenção de arbitragem, elegendo a Arbitralis como foro responsável, caso em que a parte presente poderá requerer a instauração do respectivo procedimento arbitral. 

§ 7º Caso a parte requerida manifeste seu desinteresse na celebração de acordo ou se mantenha silente, o processo será arquivado, salvo na existência de estipulação de convenção de arbitragem, elegendo a Arbitralis como foro responsável, caso em que quaisquer das partes poderá requerer a instauração do respectivo procedimento arbitral. 

Art. 42 Caso as partes não tenham firmado convenção de mediação prévia, se a parte requerida não se manifestar no prazo designado, não comparecer à audiência ou rejeitar a submissão do conflito para a Arbitralis, o procedimento será encerrado e o pagamento realizado pela parte requerente devolvido dentro do prazo de 10 (dez) dias úteis, descontada a taxa de protocolo conforme Tabela de Custas e Honorários da Arbitralis. 

Art. 43 Caso as partes tenham firmado convenção de mediação prévia e a parte requerida não se manifestar dentro do prazo, o requerimento seguirá normalmente o trâmite. 

Art. 44 Os mediadores cadastrados no QPM não poderão advogar na plataforma da Arbitralis podendo, no entanto, ser parte nos requerimentos.

Art. 45 O Mediador poderá admitir a utilização de prova  produzida em outro processo. 

Seção II 
Do Rito da Mediação 

Art. 46 Independentemente do valor da causa, a mediação tramitará em rito único, conforme previsto neste Código. 

Art. 47 O procedimento será conduzido por Mediador Único sorteado pelo sistema da Arbitralis ou indicado, de forma consensual,  pelas partes. 

Parágrafo Único – Será admitido, excepcionalmente, comediadores, devendo as partes formularem requerimento específico e mediante aprovação pela Presidência da Arbitralis. 

CAPÍTULO VII 

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS 

Art. 48 O pagamento dos custos do procedimento de mediação será realizado conforme disposto na Tabela de Custas e Honorários da Arbitralis, que é parte anexa e integrante do presente Código. 

Art. 49 É vedado aos Mediadores e às partes do processo divulgar qualquer informação a que tenham tido acesso em decorrência de sua participação no requerimento, salvo se expressamente autorizado por todas as partes ou em caso de ordem judicial. 

§ 1º. Os terceiros que participarem do procedimento de mediação na condição de testemunha, perito ou assistente técnico deverão obedecer a idêntico dever de sigilo. 

§ 2º A divulgação das informações na forma das disposições das normas internas da Arbitralis, em especial do presente Código, não representará violação ao sigilo do requerimento.

Art. 50 A Arbitralis poderá publicar extrato dos requerimentos, o qual não conterá a identificação individualizada das partes, salvo manifestação destas em sentido contrário. 

§ 1º Em qualquer caso a Arbitralis fica autorizada, pelas partes e Mediadores, a divulgar aos órgãos de controle a íntegra do requerimento de mediação, quando solicitada. 

§ 2º As partes autorizam à Arbitralis o uso e armazenamento de seus dados e dos dados constantes nos requerimentos, conforme Artigos 7º, I e VI e 11, “d” da LGPD. 

Art. 51 Os casos omissos serão dirimidos pelo Mediador.  

Parágrafo único. O Mediador poderá submeter à Presidência da Arbitralis consulta quanto à interpretação dos dispositivos deste Código. 

Art. 52 Os mediadores, a Arbitralis e seus funcionários não serão responsáveis perante qualquer pessoa por quaisquer fatos, atos ou omissões relacionadas com o Requerimento de Mediação. 

Art. 53 Cabe às partes manter seu cadastro sempre atualizado, especialmente as informações relativas aos seus dados para contato, bem como os de seus advogados e procuradores. 

§ 1º Toda e qualquer comunicação da Arbitralis será enviada ao endereço eletrônico cadastrado pela parte, não podendo alegar quaisquer prejuízos caso a parte não informe à Arbitralis eventual alteração do seu endereço eletrônico ou não mantenha quaisquer de seus dados devidamente atualizados. 

§ 2º Enviada a comunicação ao endereço eletrônico cadastrado e não havendo resposta da parte comunicada, o requerimento seguirá seu trâmite comum. 

Art. 54 Aplicam-se, cumulativamente, as seguintes regras com relação a eventuais alterações deste Código: 

I – Qualquer modificação relevante a este Código somente poderá ser levada a efeito após a aprovação pelo Mediador, se constituído; 

II – Aprovação pela Presidência da Arbitralis; 

III - Eventuais alterações nas normas deste Código, bem como nas normas editadas a partir dele, não terão efeito sobre qualquer requerimento em andamento, salvo se expressamente convencionado pelas partes 

Art. 55 A Arbitralis, os mediadores e seus funcionários não se responsabilizam pelo cumprimento e execução do acordo de mediação assinado entre as partes. 

Art. 56 O presente regulamento entra em vigor em 20.02.2021.

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